Estudante de odontologia denuncia colega de turma por injúria racial em Juiz de Fora

Jeferson Luiz da Silva denunciou um colega de faculdade em Juiz de Fora TV Integração/Reprodução Um estudante do quarto período de Odontologia de uma facul...

Estudante de odontologia denuncia colega de turma por injúria racial em Juiz de Fora
Estudante de odontologia denuncia colega de turma por injúria racial em Juiz de Fora (Foto: Reprodução)

Jeferson Luiz da Silva denunciou um colega de faculdade em Juiz de Fora TV Integração/Reprodução Um estudante do quarto período de Odontologia de uma faculdade particular em Juiz de Fora denunciou uma colega por injúria racial. Segundo Jeferson Luiz da Silva, os episódios de hostilidade começaram no primeiro contato com a aluna, que está no quinto período do curso. Nos últimos seis meses, os dois passaram a cursar três disciplinas juntos, e, no dia 5 de setembro, Jeferson afirmou ter sido alvo de uma fala preconceituosa. “Durante uma aula, quando ela acabou, levantou para ir embora e disse: ‘Tenho irc (nojo) desse macaco’. Foi aí que fiquei sem chão, porque eu nunca passei por isso. Nunca”, contou. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp Após o episódio, o estudante procurou a direção da instituição, que informou que abriria um procedimento interno para apurar o caso, o qual foi aberto no dia 8 de setembro. No entanto, segundo Jeferson, ele foi orientado a mudar de turma, pois os conflitos se intensificaram. “Fiquei muito triste quando me disseram para pensar em mudar de turma. O que eu disse foi que não podia ir para o período da noite, porque quem tem que sair é quem está cometendo a injúria comigo. Não faz sentido eu ter que provar que estou sofrendo”, completou. Em nota, o Centro Universitário Estácio Juiz de Fora esclareceu que atua “na promoção de um ambiente acadêmico respeitoso e sempre procura agir prontamente para apurar os fatos com a seriedade e a sensibilidade que cada caso requer” e que “tem trabalhado para manter as relações de respeito entre os alunos”. Veja mais abaixo o pronunciamento na íntegra. Registro de BO Advogada Bárbara Freitas cuida do caso em Juiz de Fora TV Integração/Reprodução Diante da situação, o estudante buscou orientação jurídica e registrou um boletim de ocorrência. A advogada dele, Bárbara Freitas, identificou indícios de pelo menos dois crimes: difamação e injúria racial. “A injúria é bem próxima do racismo, mas é uma questão mais individualizada, e as falas dela com o Jeferson aparentemente não são generalizadas. Pelas falas, por mais que ela possa ter esse comportamento com outras pessoas negras, ela é muito precisa em relação a ele. Por isso, o caso se enquadra em um crime de injúria racial. Já a difamação imputou a ele coisas que ele não fez, como ameaças e discussões, e acabou difamando-o”, explicou Bárbara. A advogada afirmou, ainda, que a injúria racial é um crime previsto no Código Penal e, hoje em dia, já é equiparada ao crime de racismo. “Tem uma penalidade de 2 a 5 anos de reclusão e pena de multa. É um crime imprescritível e inafiançável. É muito importante fazer a denúncia com a finalidade de parar a agressora”, completou. O caso foi encaminhado para a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Juiz de Fora. Casos de injúria racial aumentam em MG Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 mostram um aumento expressivo nos registros de injúria racial em Minas Gerais. Em 2023, foram registrados 727 casos. Em 2024, o número saltou para 1.835 — uma alta de 151,5%. Por outro lado, os registros de racismo caíram de 381 para 212 no mesmo período, uma redução de 44,6%. Para Geovane Lopes, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB, os números refletem maior conscientização, mas também revelam desafios. Apesar do aumento nas denúncias, a comissão alerta que muitos casos ainda não são formalizados, contribuindo para a subnotificação e dificulta o enfrentamento efetivo do racismo. “No final das contas, isso se reflete na baixa concretização da lei que precisava estar aí para impedir que essas coisas acontecessem, mas que não consegue, ainda, uma atuação consistente, uma modificação consistente na sociedade”, analisou. Nota na íntegra "O Centro Universitário esclarece que atua na promoção de um ambiente acadêmico respeitoso e sempre procura agir prontamente para apurar os fatos com a seriedade e a sensibilidade que cada caso requer. A direção do campus informa que tem trabalhado para manter as relações de respeito entre seus alunos, com o objetivo de assegurar que a ética e os valores da instituição sejam preservados e reforçados. A instituição entende que a universidade é um local de aprendizado, inovação e respeito mútuo. Além do compromisso de formar alunos preparados para o mercado de trabalho, está entre suas missões formar cidadãos conscientes do seu papel transformador na sociedade. Após a formalização do caso por parte do aluno há alguns dias, a direção do campus vem oferecendo apoio ao estudante e fornecendo todo o acolhimento necessário. Além disso, a direção do campus iniciou um procedimento interno administrativo para apuração do caso por uma área especializada da instituição. Em razão da confidencialidade das apurações e da privacidade dos dados pessoais dos envolvidos, informações sobre o andamento ou a conclusão do caso não serão divulgadas." LEIA TAMBÉM: Castelar é condenado em primeira instância por injúria racial cometida em bate-papo de rede social; ex-vereador vai recorrer Motoboy diz ter sofrido injúria racial de policial aposentado enquanto fazia entrega em Juiz de Fora: 'Preto fedido'. ASSISTA TAMBÉM: Entenda diferença entre racismo e injúria e saiba como denunciar Entenda diferença entre racismo e injúria e saiba como denunciar VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes